sábado, dezembro 11, 2010

Trigésimo noturno

Essa coisa

das auroras

nem parece

difícil...

Mas esconde

um mecanismo

complexo.


Essa coisa

do giro mudo

dos astros

nem parece

possível...

Mas esconde

uma engrenagem

perfeita.


Essa coisa

da morte

parece custosa...

Mas esconde

outro engate

vital.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Vigésimo nono noturno

O perigo calado

do peixe

é que ele

não vive sem água.


Acontece

que este verso

sabe o truque

da água:

lava tudo

e permite o peixe.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Vigésimo oitavo noturno

A água

vive sem peixe.


Perde

um tanto de si,

é certo.

Mas é capaz

de seguir.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Vigésimo sétimo noturno

O destino do peixe

é ferir a água.


O do barco, também.


Mas a água se recompõe

e sustém

o peixe

e o barco.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Vigésimo sexto noturno

Se sou água,

és peixe.


Sempre tivemos

destino recíproco.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Vigésimo quinto noturno

Tua mão trêmula,

mas exata,

também me feriu.


Não importa.


Vou me inventar

de água

para teu gesto

não valer.