quinta-feira, outubro 20, 2016

Estranha partilha - para Alberto



Irmão: propósito                               
invisível...

Nós o temos
antes de vê-lo
e ainda
que parta;
é meu, mesmo que
não queira.

Aprendemos
com ele
a dor das coisas
repartidas:
útero,
linfa do afeto,
nada é meu
sozinho,
tudo tem
o selo
da partilha
obrigatória.

Essa viagem
difícil
através do sangue
e do tempo
modela,
se exitosa,
o derradeiro lar:
eis que é
raro possível
nascer no irmão
nosso último abrigo,
sobrante do esforço
e da jazida
do perdão.