sábado, setembro 02, 2006

Jogo de trevas

DOS ESCRITOS DE ANTÔNIO: REFLEXÕES E CONFISSÕES

VII

Mais uma vez, as vísceras do monstro dos Recifes esmagaram a minha alma: elas roubaram, como sempre, um amigo meu muito querido.
E quero aqui deixar a ele as poucas palavras que consegui escrever, sem deixar de frisar que a minha real tristeza ficou comigo e não me sairá jamais. E que a alma agitada do amigo meu se aquiete e abandone o palco de sua morte – não há pior inferno do que as ruas monstruosas dos Recifes –.

Meu amigo:
morreu contigo
parte grande de mim mesmo.
E teu corpo partido
leva consigo o meu
também partido pela dor.