sábado, setembro 02, 2006

Jogo de trevas

DO DIÁRIO DE BRANCA

Madrugada de 5 de 9 de 1979:

Sinto que é hoje o dia de minha morte e essa idéia me veio devagar. Mas me sinto para ela tão preparada, que nem sei direito onde pode estar a vida que sempre andou forte dentro de mim.
É pena que tenha vindo justo no dia do aniversário de Antônio, mas, apesar disso, será bem-vinda.
Pude deixar a Antônio, como gostaria, os fatos que mais marcaram a minha vida e parece que se esvaiu assim o pouco dela que me restava ainda. Espero firmemente que tenha ido para meu querido Antônio, filho muito amado, esse fio de vida que me escapuliu!

A Antônio:
É essa a minha herança, meu filho: a da consciência, com suas responsabilidades grandiosas e amedrontadoras. Mas não te aflijas com as ânsias que ela traz em vida porque, quando a morte vem, levemente nos pousa as asas: ela sabe o quanto nos foi grande o peso da vida. Própria experiência, afianço-te.
Saudades da mãe que te amou muito:
Branca.