sábado, setembro 02, 2006

Jogo de trevas

DO DIÁRIO DE BRANCA

Madrugada de 25 de 12 de 1933:

Que pode dizer uma mulher, depois de cometer contra si mesma o maior de todos os pecados? Que palavras ela poderá dizer para expressar um total desespero? Apenas uma simples confissão será o bastante para esgotar toda a culpa que lhe esmaga o peito? Ou a palavra à salvação dessa alma é uma só: perdão?
E uma moça-criança apenas, quando descobre que não está a salvo nesse mundo – como eu própria, antes alheia a paixões – deve penitenciar-se por todo o sempre, eternamente?... Quanto descuido eu tinha contra o Mal e esse danado disso se aproveitou e me abarcou...
Oh! Deus, dai-me forças a que esse ínfimo segundo apenas de minha existência não me venha a arrasar o resto todo. E também livrai, se assim o quiserdes, do filho que pode vir, mas que eu não quero.