Outro desabrigo
Somos feitos
da mesma substância
dessa manhã.
Ela é breve
como rosa
cuja beleza
resiste só um segundo!
Ela é frágil
como vidro
cuja inteireza
suporta pouco o uso!
Logo vêm
a tarde triste
a queda rápida
e a última noite.
No intervalo,
só há ruas vazias
de tudo.
E as pontes
não trazem nada.
Só a água do rio
nos alivia...
Cheios de cicatrizes...
E estamos
levemente
consolados...
Inventamos
motivos
pressas
afazeres
amores
contratos...
Fazemos casas
(sem portas
nem janelas
nem telhados...)
Quem sabe uma mão
ou outra
não carregue
arma...
E fique perto
a distância
de um chamado
que talvez se ouça...
Mas mais motivos
há para chorar
nesse permeio...
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