sábado, setembro 02, 2006

Jogo de trevas

DO TESTAMENTO DE BRANCA

III

Só hoje, 45 anos depois, eu posso notar o quanto havia de Verdade naquelas, aparentemente, tão desconexas palavras. Morro de angústia só de pensar que a ajuda pedida por Ivã foi por mim negada; e, se agora vejo que Ivã trazia consigo uma toda especial Verdade, naquela época eu só via loucuras naquilo que trazia no seu bojo medos e temores tão reais.
Os vinte anos são cegos!
E é só nisso que me apóio para me defender diante de Ivã, que constantemente se encontra comigo.
Fui dormir ainda cheia de temores e nem sei como acordei – se com os gritos ou choro de minha mãe –. Só sei que, da janela do meu quarto, vi dependurado o corpo inerte de um homem que, enforcado, balançava, no entanto, para me assustar e apavorar.