Jogo de trevas
DOS ESCRITOS DE ANTÔNIO: REFLEXÕES E CONFISSÕES
III
Ando sempre pelas ruas dessa grande cidade que me enlouqueceu e despersonalizou como quem a quer destruir só com isso. Eu o faço com a consciência de que esmago assim cada víscera do horrível monstro destruidor que é o dos recifes. E também, paciente, espero – enquanto ando – que as ruas danadas e viscerais me devolvam o pedaço de vida que me roubaram certo dia. Tão assassinas são essas criminosas ruas que tenho, às vezes, até a impressão esperançosa de que elas dêem a mim uma das tantas vidas que sugam diariamente, como pagamento pelo pedaço que traiçoeiramente me roubaram.
Será que isso acontecerá? Ou o monstro apenas acabará de roubar aos poucos o resto mesmo de mim próprio?
III
Ando sempre pelas ruas dessa grande cidade que me enlouqueceu e despersonalizou como quem a quer destruir só com isso. Eu o faço com a consciência de que esmago assim cada víscera do horrível monstro destruidor que é o dos recifes. E também, paciente, espero – enquanto ando – que as ruas danadas e viscerais me devolvam o pedaço de vida que me roubaram certo dia. Tão assassinas são essas criminosas ruas que tenho, às vezes, até a impressão esperançosa de que elas dêem a mim uma das tantas vidas que sugam diariamente, como pagamento pelo pedaço que traiçoeiramente me roubaram.
Será que isso acontecerá? Ou o monstro apenas acabará de roubar aos poucos o resto mesmo de mim próprio?
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