MANGUE
Embora desejem,
as duas águas
têm medo.
Mas as marés
não se governam,
e o encontro se
dá:
o mangue nasce
no gosto salobro
das ambivalências.
Aí nascem formas
bizarras
feito caranguejos
e
raízes estranhas,
que a lama
mastiga.
Entretanto um
mangue
participa da
música do mundo
e acha sua
inesperada harmonia:
aquela água parada
fabrica parte do
absurdo
da vida.
São encontros
assim
(derivados não só
do passo da lua
mais ainda –
quem sabe? –
do diálogo
inaudível
das constelações)
que consentem
o possível necessário.
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