quinta-feira, dezembro 20, 2018

MANGUE


Embora desejem,
as duas águas
têm medo.

Mas as marés
não se governam,
e o encontro se dá:
o mangue nasce
no gosto salobro
das ambivalências.

Aí nascem formas bizarras
feito caranguejos e
raízes estranhas,
que a lama mastiga.

Entretanto um mangue
participa da música do mundo
e acha sua inesperada harmonia:
aquela água parada
fabrica parte do absurdo
da vida.

São encontros assim
(derivados não só
do passo da lua
mais ainda – quem  sabe? –
do diálogo inaudível
das constelações)
que consentem
o possível necessário.