Damasco
Também
já houve em mim
usança de silêncio:
fui tarântula vã
que tecia o nada
no extravio da seda.
Concebia fendas
tecia grotas
arrenegava o fio
que me urdiria o ser.
Tarântula ou ostra:
engendrava a pérola
que se perdia
de guardada.
Mas me cansei de morrer.
Preciso ser tarântula
para compor
o tecido que me faz;
careço lavrar, na seda,
o desenho
que me cria.
Minha voz agora
me faz
me descortina
me lança
me mata
de ventura.
Porque nasci tarântula
nasci para tecer:
segrego a seda
e com ela
teias são tecidas.
Não importa
o indizível:
tanto urdirei
contra ele
que se estiolará.
Minha palavra
ou minha teia:
seda e vazio
que concebo
que me concebem
para além
de meu destino
de inseto.
3 Comments:
Flavia,
Adorei o blog! Os textos sao lindos!
Você escreve coisas lindas e que tocam o coração da gente!
Adoro suas aulas você fez e faz parte da minha formação como pessoa e como cidadã.Você me ajuda a compreender mais as diferenças entre as pessoas e saber como elas são belas! Afinal, não somos um bando de Guinus né?
um Grande beijo
Achei, achei!
Delícia reler isso, tanto tempo depois!
;.)
Flávia teus poemas encantam... (pelo menos me encantam)
abraços,
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