Primeiro setênio
Nasci no dia 27 de agosto de 1957, prematura, numa primeira versão da minha história. Sou a primeira filha de Marcos, um pediatra de realce, e Afra, uma pacata e silenciosa dona-de-casa – primos legítimos entre si; minhas duas avós eram irmãs.
Minha mãe era tão quieta e silenciosa que, se por acaso entrasse num quarto e falasse com uma de nós que estivesse de costas, morríamos de susto, pois não tínhamos percebido que ela tinha entrado. Uma vez minha irmã Lívia perguntou a ela por que não corria, e ela, bem devagar, respondeu:
– Porque nunca precisei...
Até os onze anos, morei na João Suassuna, nº 48, uma rua com apenas quatro casas, que tinha o nome do meu avô paterno.
A primeira casa era de D. Milena e Seu Cruz, acho que um comerciante de tecidos. Fui dama de honra do casamento de sua única filha, que se chama Laura. Há muitas histórias dessa família na minha família, mas não acho que elas têm ligação comigo especificamente. Ah! Havia lá um relógio lindo, com uma pancada maviosa, pequena a cada quarto de hora, e outra maior a cada meia hora, e o anúncio das horas solenemente. Dava para vê-lo pela grade do terraço.
Mais tarde, noutro setênio, contarei episódios nos quais, de novo, há ligações entre mim e o povo dessa primeira casa.
A segunda casa era a da minha avó paterna, Rita, que morava com três filhas solteiras (uma casou-se depois, chama-se Magda, a gente a chama de Midô; há muito tempo ela é viúva).
Minha avó era uma pessoa muito especial. Era metódica e espartana. Ficou viúva com 35 anos, usou luto até morrer, meus filhos a chamavam de Dinda Preta, por isso.
A casa era simples e muito limpa, todo sábado era lavada, e o chão ficava frio e cheiroso. A faxina era geral: minha avó tinha longos cabelos que ela mantinha presos em duas tranças que faziam um coque grande e que eram também lavados no sábado e ficavam soltos até secar, quando, então, eram de novo presos. Minha avó, neste dia, dava corda em um relógio, mais simples do que o de Dona Milena, mas cujo som também faz parte da minha infância.
Minha avó gostava de plantas e de crochet. A rua não era calçada e ela mantinha uma espécie de canteiro de plantas ao longo dela e aguava tudo bem cedinho da manhã. O cheiro da terra molhada é outra lembrança de meus primeiros anos de vida.
Depois disso, minha avó tomava o seu café, lembro como ela usava mais do que todos as mãos para comer. Aliás, as mãos de minha avó eram lindas, quase todos os dedos do mesmo tamanho... A tapioca que ela fazia era muito gostosa! E também o vatapá e a canjica que ela fazia em grandes quantidades na Semana Santa e pelo São João, e todos da família iam buscar um prato. Eu sempre achei isso feliz e bonito!
Depois do café, pegava seu crochet e trabalhava todo o resto da manhã. Almoçava e dormia um cochilo no sofá da sala.
À tarde, minha avó colocava uma cadeira de palhinha na calçada para cumprir seu segundo turno de crochet. Minha mãe bordava em sua companhia. As crianças brincávamos por ali ao redor delas.
O quarto lacônico de tia Mana e o quarto supérfluo de tia Selma foi oposição pedagógica da minha infância, foi o começo da aprendizagem que fiz de que as pessoas são diferentes e de que temos de conviver com essa diferença.
Gostava de ver tia Selma fazendo seus lindíssimos pacotes de presentes e da bagunça que ficava no quarto, e me surpreendia como ele depois magicamente virava de novo aquela impecável vitrine dourada e vermelha.
E gostava de ver tia Mana se aprontando e tirando suas coisas de uma frasqueira de couro bem arrumada. Pela varanda azul do quarto de tia Mana entravam os galhos de uma mangueira frondosa que, na verdade, era do vizinho da frente. Lembro do cheiro de sua florada, era bom!
Essas tias eram elegantes e arrumadas, cada uma em um estilo; tinham herdado o apego pela rotina de minha avó, que meu pai também tem.
A terceira casa era de Dr. Salsa e Dona Ivoneide, era cheia de moças e brigas.
A quarta casa era a do meu pai e de minha mãe. Vivi lá até os 10 anos, ou seja, todo o meu primeiro setênio. Havia um terraço enorme, com cinco aquários (lindos!), com peixes da mais diversa origem e espécie. Os aquários eram embutidos na parede. Ao lado do terraço havia uma área com mais dois tanques de peixes e um pinheiro alto que ia dar na altura da janela de meu quarto. Um dia tive febre e achei que ele tinha caído sobre mim.
Há uma ligação astral entre mim e aquários, escrita com ferro e fogo nas estrelas, só pode. Meu pai era aquarista e gastou uma fortuna fazendo esses no terraço. Neles havia peixes de todas as formas e tamanhos: esquadros, esferas, linhas... Vinham do Amazonas, do Mato Grosso e coloriam o terraço de uma forma multiplicada!
Depois eu conto como isso, através do sangue, foi passando para os meus filhos, que até hoje mantêm aquários em minha casa. Em nós, é um gen dominante (azão azão), sendo “A” de aquário.
O dia de lavar a casa era a sexta-feira, a gente podia brincar na água com sabão, desde que não ficasse em pé para não cair.
Sabíamos de cor e salteado que menino que mama só morre de queda e de cachorro doido, e ficamos com medo de queda e de cachorro.
Era linda a água escorrendo da escada! No dia da lavagem, Seu Anastácio vinha ajudar, ele era forte e disposto e lavava também o quintal atrás da casa, que era todo cimentado, com alguns canteiros, um galinheiro e mais uns aquários no oitão e outro alto, numa caixa d’água suspensa por quatro pés de cimento.
Havia uma réstia de luz de tarde na escada, que era muito bonita, e também me lembro do aconchego de minha mãe: ela deitava de lado no sofá e dobrava as pernas e eu fazia os seus joelhos de travesseiro e me sentia bem.
Minha mãe me ajudava nas tarefas da escola e me lembro que ela fazia a ponta do meu lápis e a afinava na barriga grande onde estava a minha irmã mais nova.
A cozinha era escura, apesar da janela que dava para o pátio dos tanques; nunca gostei muito de cozinha, na verdade. Nunca entendi sua lógica, eu precisava ser mais depressa para dar conta de uma integralmente.
Lá em cima no banheiro havia uma banheira. Era gostoso deitar na água e sentir o chuveiro na barriga e o silêncio quando a água morna entrava nos meus ouvidos.
Aos sábados, depois do almoço, íamos na granja com papai. Ele parava em Parnamirim e comprava biscoitos waffer e em Casa Amarela para comprar a ração dos galos e galinhas de briga que havia lá. Viajávamos em cima dos sacos, eu enjoava e só a brisa fresca da granja me curava da vontade de vomitar.
Na granja eu tomava banho no rio; à proporção que fui crescendo, a água foi ficando fria, fria, aí não quis mais. Levei uma bicada de um galo e um quase-coice de um cavalo chamado Serafim. Essa granja era um lugar de homens, os galos brigavam, sangravam, matavam-se uns aos outros, cortavam-lhes as cristas, era tudo uma selvageria inominável, mas eu estava lá, olhando, aprendendo a lógica masculina, o que me seria útil mais tarde.
Ainda havia a casa de minha outra avó, que se chamava Olímpia, no sertão, onde havia um curral cheio de vacas e seu cheiro especial, um eco divertido no corredor entre o curral e a casa, um banheiro fora de casa, perto de uma pedra que tinha ficado no jardim, e um pé de cedro cheiroso que dava flores de madeira. E sapos, muitos sapos.
Minha avó era afobada e cheirosa, falava pelos cotovelos, gritava com todo mundo, especialmente reclamava de meu avô. Sua casa era simples e limpa e, num baú com cheiro de cânfora, havia uma boneca de louça que eu, sob sua direção, podia pegar. Lá no sertão a roupa de cama tinha um cheiro muito bom; aqui na zona da mata não é tão bom.
Muitos dos gostos de minha infância são de lá: serigüelas, mangas, pinhas, goiabas... Meu avô tinha um moinho, e o cheiro do café torrado, moído e depois coado, faz parte do acervo de sensações desses meus primeiros anos.
Cordeiro cuidava do curral e do moinho. Como se pode adivinhar, era manso e cordato. Três coisas me impressionavam nele: como ele fazia seus próprios cigarros, lambendo um papelzinho e enrolando o fumo devagar, como cortava a palma para as vacas e como, com uma espécie de rodo, espalhava o café enquanto era torrado.
Quando eu tinha 3 ou 4 anos, fui dama de honra do casamento de minha tia Eugênia, irmã de minha mãe. Essa tia é muito importante para mim, é agora a minha bastante mãe procuradora. Depois de casada, ela foi morar com Fon em Casa Amarela. Na verdade, seu marido se chama Enandro, mas ele me deu uma sanfona quando eu era pequena e, desde então, chamo-o Fon. Essa casa tinha objetos formidáveis que minha tia tinha ganhado de presente de casamento: um aquário que tinha um pé de louça que eram peixes entrelaçados (um amarelo e outro roxo) e ficava em cima de uma mesa de ferro com um tampo de vidro; uma rede; um despertador com uma espécie de margarida no mostrador, que girava para um lado, quando o relógio fazia “tic”, e para o outro, quando fazia “tac” (meu tio o guardava dentro do armário, para minha tristeza, quando ia dormir, por causa do barulho que essa engrenagem produzia). Essa casa também tinha uma cozinha cheirosa e um pé de jambo-do-pará cujos frutos eram uma iguaria.
Neste setênio fui feliz e dele trouxe uma criança calma que, de vez em quando, pula dentro de mim e me restaura. Ele também me deu uma perspectiva de observação do mundo meio engraçada e infantil, como se eu visse tudo pela primeira vez e me encantasse com o que vejo.
Minha mãe era tão quieta e silenciosa que, se por acaso entrasse num quarto e falasse com uma de nós que estivesse de costas, morríamos de susto, pois não tínhamos percebido que ela tinha entrado. Uma vez minha irmã Lívia perguntou a ela por que não corria, e ela, bem devagar, respondeu:
– Porque nunca precisei...
Até os onze anos, morei na João Suassuna, nº 48, uma rua com apenas quatro casas, que tinha o nome do meu avô paterno.
A primeira casa era de D. Milena e Seu Cruz, acho que um comerciante de tecidos. Fui dama de honra do casamento de sua única filha, que se chama Laura. Há muitas histórias dessa família na minha família, mas não acho que elas têm ligação comigo especificamente. Ah! Havia lá um relógio lindo, com uma pancada maviosa, pequena a cada quarto de hora, e outra maior a cada meia hora, e o anúncio das horas solenemente. Dava para vê-lo pela grade do terraço.
Mais tarde, noutro setênio, contarei episódios nos quais, de novo, há ligações entre mim e o povo dessa primeira casa.
A segunda casa era a da minha avó paterna, Rita, que morava com três filhas solteiras (uma casou-se depois, chama-se Magda, a gente a chama de Midô; há muito tempo ela é viúva).
Minha avó era uma pessoa muito especial. Era metódica e espartana. Ficou viúva com 35 anos, usou luto até morrer, meus filhos a chamavam de Dinda Preta, por isso.
A casa era simples e muito limpa, todo sábado era lavada, e o chão ficava frio e cheiroso. A faxina era geral: minha avó tinha longos cabelos que ela mantinha presos em duas tranças que faziam um coque grande e que eram também lavados no sábado e ficavam soltos até secar, quando, então, eram de novo presos. Minha avó, neste dia, dava corda em um relógio, mais simples do que o de Dona Milena, mas cujo som também faz parte da minha infância.
Minha avó gostava de plantas e de crochet. A rua não era calçada e ela mantinha uma espécie de canteiro de plantas ao longo dela e aguava tudo bem cedinho da manhã. O cheiro da terra molhada é outra lembrança de meus primeiros anos de vida.
Depois disso, minha avó tomava o seu café, lembro como ela usava mais do que todos as mãos para comer. Aliás, as mãos de minha avó eram lindas, quase todos os dedos do mesmo tamanho... A tapioca que ela fazia era muito gostosa! E também o vatapá e a canjica que ela fazia em grandes quantidades na Semana Santa e pelo São João, e todos da família iam buscar um prato. Eu sempre achei isso feliz e bonito!
Depois do café, pegava seu crochet e trabalhava todo o resto da manhã. Almoçava e dormia um cochilo no sofá da sala.
À tarde, minha avó colocava uma cadeira de palhinha na calçada para cumprir seu segundo turno de crochet. Minha mãe bordava em sua companhia. As crianças brincávamos por ali ao redor delas.
O quarto lacônico de tia Mana e o quarto supérfluo de tia Selma foi oposição pedagógica da minha infância, foi o começo da aprendizagem que fiz de que as pessoas são diferentes e de que temos de conviver com essa diferença.
Gostava de ver tia Selma fazendo seus lindíssimos pacotes de presentes e da bagunça que ficava no quarto, e me surpreendia como ele depois magicamente virava de novo aquela impecável vitrine dourada e vermelha.
E gostava de ver tia Mana se aprontando e tirando suas coisas de uma frasqueira de couro bem arrumada. Pela varanda azul do quarto de tia Mana entravam os galhos de uma mangueira frondosa que, na verdade, era do vizinho da frente. Lembro do cheiro de sua florada, era bom!
Essas tias eram elegantes e arrumadas, cada uma em um estilo; tinham herdado o apego pela rotina de minha avó, que meu pai também tem.
A terceira casa era de Dr. Salsa e Dona Ivoneide, era cheia de moças e brigas.
A quarta casa era a do meu pai e de minha mãe. Vivi lá até os 10 anos, ou seja, todo o meu primeiro setênio. Havia um terraço enorme, com cinco aquários (lindos!), com peixes da mais diversa origem e espécie. Os aquários eram embutidos na parede. Ao lado do terraço havia uma área com mais dois tanques de peixes e um pinheiro alto que ia dar na altura da janela de meu quarto. Um dia tive febre e achei que ele tinha caído sobre mim.
Há uma ligação astral entre mim e aquários, escrita com ferro e fogo nas estrelas, só pode. Meu pai era aquarista e gastou uma fortuna fazendo esses no terraço. Neles havia peixes de todas as formas e tamanhos: esquadros, esferas, linhas... Vinham do Amazonas, do Mato Grosso e coloriam o terraço de uma forma multiplicada!
Depois eu conto como isso, através do sangue, foi passando para os meus filhos, que até hoje mantêm aquários em minha casa. Em nós, é um gen dominante (azão azão), sendo “A” de aquário.
O dia de lavar a casa era a sexta-feira, a gente podia brincar na água com sabão, desde que não ficasse em pé para não cair.
Sabíamos de cor e salteado que menino que mama só morre de queda e de cachorro doido, e ficamos com medo de queda e de cachorro.
Era linda a água escorrendo da escada! No dia da lavagem, Seu Anastácio vinha ajudar, ele era forte e disposto e lavava também o quintal atrás da casa, que era todo cimentado, com alguns canteiros, um galinheiro e mais uns aquários no oitão e outro alto, numa caixa d’água suspensa por quatro pés de cimento.
Havia uma réstia de luz de tarde na escada, que era muito bonita, e também me lembro do aconchego de minha mãe: ela deitava de lado no sofá e dobrava as pernas e eu fazia os seus joelhos de travesseiro e me sentia bem.
Minha mãe me ajudava nas tarefas da escola e me lembro que ela fazia a ponta do meu lápis e a afinava na barriga grande onde estava a minha irmã mais nova.
A cozinha era escura, apesar da janela que dava para o pátio dos tanques; nunca gostei muito de cozinha, na verdade. Nunca entendi sua lógica, eu precisava ser mais depressa para dar conta de uma integralmente.
Lá em cima no banheiro havia uma banheira. Era gostoso deitar na água e sentir o chuveiro na barriga e o silêncio quando a água morna entrava nos meus ouvidos.
Aos sábados, depois do almoço, íamos na granja com papai. Ele parava em Parnamirim e comprava biscoitos waffer e em Casa Amarela para comprar a ração dos galos e galinhas de briga que havia lá. Viajávamos em cima dos sacos, eu enjoava e só a brisa fresca da granja me curava da vontade de vomitar.
Na granja eu tomava banho no rio; à proporção que fui crescendo, a água foi ficando fria, fria, aí não quis mais. Levei uma bicada de um galo e um quase-coice de um cavalo chamado Serafim. Essa granja era um lugar de homens, os galos brigavam, sangravam, matavam-se uns aos outros, cortavam-lhes as cristas, era tudo uma selvageria inominável, mas eu estava lá, olhando, aprendendo a lógica masculina, o que me seria útil mais tarde.
Ainda havia a casa de minha outra avó, que se chamava Olímpia, no sertão, onde havia um curral cheio de vacas e seu cheiro especial, um eco divertido no corredor entre o curral e a casa, um banheiro fora de casa, perto de uma pedra que tinha ficado no jardim, e um pé de cedro cheiroso que dava flores de madeira. E sapos, muitos sapos.
Minha avó era afobada e cheirosa, falava pelos cotovelos, gritava com todo mundo, especialmente reclamava de meu avô. Sua casa era simples e limpa e, num baú com cheiro de cânfora, havia uma boneca de louça que eu, sob sua direção, podia pegar. Lá no sertão a roupa de cama tinha um cheiro muito bom; aqui na zona da mata não é tão bom.
Muitos dos gostos de minha infância são de lá: serigüelas, mangas, pinhas, goiabas... Meu avô tinha um moinho, e o cheiro do café torrado, moído e depois coado, faz parte do acervo de sensações desses meus primeiros anos.
Cordeiro cuidava do curral e do moinho. Como se pode adivinhar, era manso e cordato. Três coisas me impressionavam nele: como ele fazia seus próprios cigarros, lambendo um papelzinho e enrolando o fumo devagar, como cortava a palma para as vacas e como, com uma espécie de rodo, espalhava o café enquanto era torrado.
Quando eu tinha 3 ou 4 anos, fui dama de honra do casamento de minha tia Eugênia, irmã de minha mãe. Essa tia é muito importante para mim, é agora a minha bastante mãe procuradora. Depois de casada, ela foi morar com Fon em Casa Amarela. Na verdade, seu marido se chama Enandro, mas ele me deu uma sanfona quando eu era pequena e, desde então, chamo-o Fon. Essa casa tinha objetos formidáveis que minha tia tinha ganhado de presente de casamento: um aquário que tinha um pé de louça que eram peixes entrelaçados (um amarelo e outro roxo) e ficava em cima de uma mesa de ferro com um tampo de vidro; uma rede; um despertador com uma espécie de margarida no mostrador, que girava para um lado, quando o relógio fazia “tic”, e para o outro, quando fazia “tac” (meu tio o guardava dentro do armário, para minha tristeza, quando ia dormir, por causa do barulho que essa engrenagem produzia). Essa casa também tinha uma cozinha cheirosa e um pé de jambo-do-pará cujos frutos eram uma iguaria.
Neste setênio fui feliz e dele trouxe uma criança calma que, de vez em quando, pula dentro de mim e me restaura. Ele também me deu uma perspectiva de observação do mundo meio engraçada e infantil, como se eu visse tudo pela primeira vez e me encantasse com o que vejo.
15 Comments:
Eita que essa Flávia era toda danadinha pra chegar nesse mundo!
:D
Acredite se quiser,mas lembrei de muita coisa da minha infância ao ler esse texto lindo..Não me deixaste nem respirar.Que histórias gostosas de se ler.E eu como sempre com a sede de imagens (porque faço e amo as artes visuais)...Deu uma vontade danada de ver uma foto tua quando pequena!Não tem como pôr no blog não?! hahaha.
Como prometi,vou visitar sempre teu blog,como jeito de matar a saudade! Tô aguardando ansiosa o segundo setênio.Um grande beijo e um abraço forte.Que teu ano seja maravilhoso,cheio de luz e surpresas boas!
Querida Flávia
já vi que estes setênios irão render um lindo livro!
Acompanhei entre encanto e deslumbramento a sua história, lembrando de Gabriel Garcia Marquez, que, neste caso, chama-se Flávia Suassuna. Deus, que maravilha ler uma coisa assim !!!
Você trouxe à tona uma criança que a restaura e a faz se deslumbrar com as coisas ... quer criança que cumpra melhor suas funções?
Eu deveria estar esperando ansiosa o segundo setenio; occorre que esta criança me encantou e acho que ela tem juita coisa a mais que dizer; e acho que minha criança quer aprender mais com ela; é possivel falar mais um pouo dela? estou adorando !!!
bjs
curioso você e Samarone começarem o ano falando sobre o mesmo tema, com enfoques bem diferentes, mas de uma forma linda!
Parabéns por ter tido um primeiro setênio tão lindo!
espero os outros
Depois deste lindíssimo setênio, a fila de espera para o segundo vai ser enorme!
Oi, Marília Monteiro, há fotos lindas de Flávia desse período e numa especialmente ela já tem as mesmas feições de hoje: é meio gordinha, com um sorriso encantador, a boca de poucos lábios, as mãozinhas lindas... Só que não consigo colocá-la no blog. Já tentamos tanto, tanto... A foto foi "escaneada" e colocada em um arquivo, mas não acerto a trazê-la para cá. Estou frustrada... Você, que é das artes visuais, saberia dizer como faço para colocar figuras neste espaço? Posso enviar a foto escaneada para você. Eis meu e-mail: dsuassuna@ariano.nlink.com.br
Um beijinho,
Débora.
falar de infancia é muito bom, lembro logo da minha,nessa parte da vida aprendi bastante lidar, hoje, com as pessoas.Observei muito.Das coisas dolorosas do passado me fez ser um humano que tenta tratar os outros melhor com suas igualdades e diferenças.Mas lembrar de ser pequeno é brincar de bola de gude ou "grude",jojar peãs, correr até faltar folego e´dar início novamente à corrida.É viver o mundo grande do prazer e da imaginação;E ao mesmo tempo manico de mente limititadora.COMO EU AMO MINHA INFANÇIA,ela foi vivida e continua querida,não só por mim ,mas também por quem VIVEU E VIVE AS BOAS E ÓTIMAS LEMBRÂNÇAS.Ela sempre vai ser a melhor época de minha vida,eu vivi chorei e senti grandes emoções.
ONTEM PRESENCIEI UM MOMENTO TÃO INJUSTO NA VIDA DE UMA "CRIANÇA" QUE ESTAR PASSANDO ESTE FINAL DE SEMANA NA MINHA CIDADE -LAGOA DO CARRO,NA CASA DOS MEUS AMIGOS.o MENINO NÃO SABE BRINCAR ,É,É ISSO MESMO NÃO FALA GOL,DIZ PONTO, NÃO SABE O QUE É ACADEMIA(AMARELINHA),NÃO SABE LIDAR COM AS BOLAS DE GUDE, TAMBÉM NÃO CONHECE BARRA BANDEIRA, GARRAFÃO ,NEM PAU NA LATA. AÍ! QUE MALDADE, ELE PARECIA UM GAROTO DE OUTRO PLANETA,OS PIRRALHAS DA RUA SE TRANSFOMARAM EM PROFERSSORES DE BRINCADEIRAS PARA O MENINO.ELE MORRA EM RECIFE, EM APARTAMENTO E CONVIVE COM OS "MELHORES" GAMES.POR ISSO GOL TEM NOME DE PONTO.ÔCHE! DE TANTA USAR OS DEDOS NOS MOUSES ELE QUASE NÃO SABE LIDAR COM OS PÉS PARA CHUTAR A BOLA.PORTANTO, COMO É IMPORTANTE TER INFANÇIA PARA SER CRIANÇA E TER LEMBRANÇAS.
bem bem... estou tentando colocar a foto neste exato momento... minha internet acabou de chegar... mas a senhas da qual diponho nao funcionam... queria que alguma de voces chegassem o usuario e a senha para entrar no blogger e me avisassem, para eu poder postar a foto ^^'
qualquer informação, é só mandar pro meu e-mail: sopro_de_ar@hotmail.com
(pedro)
:]
prontinho ;]
finalmente consequi postar a foto, após peripercias e semanas de tentativas ;]
... pelo menos agora voce tem um e-mail @hotmail... é o apice da tecnologia moderna = voce recebe e-mails
... pra voce me parece ser uma vantagem :p
qualquer nova imagem pode mandar que eu posto ;*
Pedro, quanta gentileza! Tantas tentativas, tanta dedicação...
Muito obrigada.
Como já lhe falei, Flávia é meio avessa a máquinas, de uma maneira geral - nem carro dirige mais. E fico sozinha nessas tarefas bloguísticas, na base das tentativas e dos erros (muitos erros).
Um beijinho,
Débora.
Comecei lendo a primeira frase só por curiosidade (estava numa pressa danada!) mas não consegui me desgrudar do texto, foi mais forte do que eu! Depois vou procurar a continuação.
Já ia me esquecendo, a senhora tem uma memoria memoravel! hahahaha
pessimo o trocadilho, mas vale a intenção.
Ficou ótimo!
Lindo setênio.
Linad foto.
Flávia, é tão interessante observar como você cresceu em um Recife diferente do meu, parecendo mais uma cidade de interior, tão dieferente dos engarrafamentos e poluição visual que preenchem os meus trajetos... Só com muito esforço, consigo perceber a beleza que tanta bagunça encobre.
Não é nem que tenha sido a tanto tempo assim, na verdade, foi um dia desses, é que a cidade é assim mesmo, segue uma lógica própria, rápida demais pra mim que tenho saudades do que não conheci.
A aluna que lhe deu carona semana passada.
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