NOSSA ONTOLOGIA
Muita coisa
precisa conspirar
para criar
outro mundo.
Ninguém
dá conta
desse tudo,
ainda que
rios
nasçam
de gotas.
Diferente
dos mapas,
todo tempo
se desenha
com angústias
e violências:
há sempre
água fresca
escorrida
do cálice imperfeito
das mãos.
O real
não se traduz.
O tempo
dá sustos.
O erro e o acerto
são verdades inseparáveis.
A soletração
convoca velhos ódios
em espelhos vazios.
Mas as estações
não são iguais:
cada inverno
chora suas lágrimas;
cada verão
destila seu suor.
Estamos onde somos:
a oculta fábrica
que cria novos tempos
e seus conseguintes desesperos.