DESPEDIDA
Há tempos
sem luto:
os mortos
são tantos
que perderam
o que têm por último:
as horas
sagradas
que os vivos
lhes dão
de despedida.
E o cálice
de lágrimas.
Mas os astros
contam mentiras:
o tempo
não está guardado
nos relógios,
nem nos círculos mudos
de suas órbitas.
E, mesmo agora,
esta palavra
é capaz
de velar
estes mortos
sem rosto,
afora que
mais tarde
guardará
para sempre
sua memória.