LEMBRETE
Mentir
nasce
na
areia
que
quer acreditar.
Espelhos
–
filhos da areia –
mentem
também.
O nome “trança” me veio, ficou na minha cabeça e impediu outro de chegar, talvez por acreditar que cada um de nós é uma trança de gente...
Ressentimentos
brotam
do tempo,
flores
legítimas,
apesar
de podres.
São
atributos de amargura,
incapazes
de
prometer
novas
estações.
Mas
sufocá-los
é um
perigo:
sua
sustância
aziaga
deve
ferir
bocas
e ouvidos.
A
solução
só
cabe em lágrimas.
O
nojo
não
cria
um
mundo novo;
só
veste na violência
vestido
pelo avesso.
O
barulho
que
impede o dissonante
aniquila
novos
equilíbrios.
As
palavras são partilhas
De
passado e de futuro.
Perdê-las
é desistir
E
sobreviver no escuro.
A
palavra
sabe
doer.
Entre
tanto
seu
outro lado
é o
cerzido da vida.
Para
tanto
minha
voz
prova
o vestido
da
tua.
A
História inteira
passa
por tuas veias
e,
se finasse,
te
mataria.
Clepsidras
relógios
ampulhetas
são
esforços
de
medida
de
controle...
Porém
tua
essência,
sendo
de todos,
não
é de ninguém.
Indiferente
à consciência,
andas
e
despedaças
e
testemunhas
o
fim dos impérios,
das
guerras...
Teu
corpo cheio de marcas
nos
serve para
contar
de novo
a
paz depois da guerra
e
vice-versa...
Portanto,
por tua causa,
sabemos
erros
retrocessos
avanços
claudicantes,
que
segues reto,
e
nossa História,
bêbada.
Pergunto
se
te medimos
por
lágrimas...
Ou
pelas vezes
sem
conta
em
que tentaste
nos
abater
sem
conseguir...
De
resto
o
que sobra
é
que persegues
e
até dominas.
Mas
existes
por
nosso engenho.
Sem
nós,
a
água
os
ponteiros
a
areia
e
mesmo tu
existiriam?
Serias
uma sustância
inofensiva?
De
fato,
muito
do teu fascínio
se
finaria...
Esta
a nossa vingança:
tu
e o humano
somos
linhas
entrelaçadas.
E
parasitas.