terça-feira, setembro 25, 2012


Consecutiva
Eu poderia...
Não...
Sou tanto
o que  sou
que assumo
os prejuízos
do que sou!


Ontologia
Queria descansar,
mas a esperança
é uma gramática
interna;
uma seiva muda...

Ela me impele,
me suplicia...
Mas não posso
fugir...


Proporcional
Como a que darei,
careço
uma convicção
(por dentro).


Dois desesperos
Sendo eu
teu lar,
em que
labirinto
deves
viver...

Como  aquele
pássaro...
Ele entrou
pela brecha
da janela
e bate-se,
torturado,
nas paredes,
tentando sair...

Todos se
apiedam
de uma cena
dessas...
Deus devia
envergonhar-se...


Longa espera
Esta longa espera
é um perigo...

Já quase me enganei...

O corpo é uma concha
com uma pérola falsa,
não posso esquecer...

A coragem
para essa espera
é um triunfo
que não quero.


Outra confissão
Minhas liturgias do corpo
como quem sofre uma dor,
é um tributo sonegado...

Cancelado,
meu desejo
se guarda
atrás do meu coração,
ali onde se deposita
o vestígio
da vida
(ponto traduzível
sem palavras,
que todos sabem
onde fica).

De repente,
súbito pássaro,
salta,
desgovernado...

Essa prenda
desofertada,
é que quero
te dar.